Nos anos 1980, o RPM se tornou o verdadeiro Elvis do rock brasileiro. Com a turnê Rádio Pirata, o grupo não só lotou estádios como também vendeu discos como água. Mas, vamos combinar, por trás das luzes e do glamour, os bastidores estavam mais para um filme de terror do que para um show de rock. O sucesso estava aplaudido, mas acompanhado de uns “amigos” inseparáveis: a cocaína e os vícios, que acabaram dando uma turbinada na saúde mental e na harmonia do grupo.
Quem desbloqueou essas memórias foi o Fernando Deluqui, guitarrista da banda e um dos fundadores, que agora, aos 63 anos, resolveu soltar o verbo em uma entrevista. O ex-RPM foi bem claro: a situação estava beirando o abismo. “A gente estava tão perdido que tinha dias que eu via a banda conversando com pessoas que, para a gente, já tinham ido embora há dias. O caldo estava enturvando, e a sanidade foi pro brejo”, contou, sem pudores.
### O show em Cuiabá e o tombo em público
Essa relação com a cocaína, claro, não fazia bem para o comportamento da turma. Deluqui admitiu que, por conta da “festinha” com as drogas, os músicos estavam se transformando em verdadeiros monstros invocados: “arrogantes, intratáveis e inacessíveis”, como ele mesmo disse. Mas, olha, sempre teve aquela decisão de subir no palco sem estar chapado – até que, em Cuiabá, a regra foi pro saco.
O que rolou? Uma sequência que começou de madrugada, com uma “quebrada” de ritmo que resultou em uma apresentação desastrosa. “Foi uma catástrofe! Cocaína é coisa do capeta! A energia da banda foi pro espaço, e a gente quase levou uma chuva de latas. O público esperava ver o RPM dos bons tempos e entregamos um fiasco. Aí, meu amigo, começou a voar tudo, até areia. O moral ficou lá embaixo”, ele narra.
Esse fiasco foi um divisor de águas. Depois do “espetáculo” em Cuiabá, a banda fez um pacto, e lá se foi a virada do jogo. “No mesmo dia, sem ter fechado os olhos, a gente se olhou e decidiu: ‘nunca mais isso vai rolar’. ‘Vamos utilizar as substâncias, mas na manhã seguinte, todo mundo na cama’”, contou Deluqui. Com esse novo acordo, o RPM conseguiu tocar a banda até o fim da festa!