Jards Macalé, o lendário artista da MPB, deu seu último acorde aos 82 anos, no Rio de Janeiro. A notícia chegou nas redes sociais como um trovão e foi confirmada pelo hospital. Dizem que ele acordou de uma cirurgia já cantando “Meu Nome é Gal”, mostrando que sua energia e vibrações continuaram intensas até o fim.
Infelizmente, ele não resistiu a um choque séptico e insuficiência renal, e mesmo internado desde o início de novembro, sempre havia uma esperança em seus amigos próximos de que ele se recuperasse. Ao receber a triste confirmação de sua partida, uma onda de tristeza tomou conta de todos.
O velório acontece nesta terça-feira, a partir das 10h, no Palácio Gustavo Capanema, e é claro que vai ser um evento para lá de emocionante. Artistas, fãs e aquela galera da cultura estão se armando para prestar suas homenagens. Marcelo Adnet já desabafou: “Ah, não. Vai fazer muita falta!” E Maria Bethânia, sem palavras, só conseguiu sussurrar: “Meu Deus!” Amigos e admiradores começaram a lembrar da fantástica força criativa que Macalé sempre foi.
### A trajetória que moldou uma era
Nascido lá na Tijuca, em 1943, o pequeno Jards Anet da Silva ganhou o apelido de Macalé quando se mudou para Ipanema, por conta de uma brincadeira sobre o “pior jogador do Botafogo” da época. E assim, uma lenda começou!
Nos anos 60, ele estava circulando por restaurantes e bares, fazendo amizade com figuras como Vinicius de Moraes e Grande Otelo. Aí começou a se enfiar nas rodas de samba e nos espaços boêmios, onde conheceu poetas e músicos que moldaram seu som, como Torquato Neto e Waly Salomão. Isso deu um tempero todo especial à sua produção, que sempre foi bem experimental.
Um dos pontos altos da carreira foi sua colaboração com Caetano Veloso. Em 1971, ele dirigiu musicalmente o disco “Transa”, gravado em Londres durante o exílio de Caetano. O resultado foi um álbum que até hoje é venerado. E não podemos esquecer que no mesmo ano, Gal Costa deu voz a várias composições de Macalé no memorável show “Fa-Tal”. As músicas “Vapor Barato” e “Mal Secreto” estão no DNA da MPB.
### Fora dos padrões
Chamado de “anjo torto da MPB”, Jards sempre foi um rebelde sem causa. Misturava rock, samba, blues e poesia, sem querer saber de rótulos. Em 2023, ele comentou sua fama de “difícil” e como isso segurou seus projetos por anos, mas sem nunca desistir. Sua arte sempre flertou com públicos de todos os tipos.
Além da música, Macalé mandou ver como diretor musical e criou trilhas sonoras pra filmes clássicos, como “Macunaíma”. Ele até se apresentou na posse presidencial de 2023 e lançou um disco, “Coração Bifurcardo”, em homenagem a Gal Costa. Com uma banda só de mulheres chamada “As Macaléias”, ele encheu o palco de ousadia.
Mesmo em sua fase final, ele estava com agenda cheia e arrasou nas últimas apresentações, como no SESC Pinheiros, antes de seguir para Porto Alegre e um festival no Rio. Jards Macalé, com certeza, deixou um legado que ecoará por muito tempo!